No último artigo da série, discutimos o Zachman Framework, sua importância e influência como referência obrigatória a qualquer esforço de Arquitetura Corporativa.
Neste artigo, discutiremos em maiores detalhes o TOGAF 9.
TOGAF 9
Conforme discutimos na artigo anterior, uma das limitações do Zachman Framework é não prover orientações sobre como realizar o trabalho de arquitetura. Não sendo um padrão aberto, a metodologia para a construção e operação de uma Arquitetura Corporativa estão disponíveis apenas através de consultoria prestada por empresas ligadas diretamente a John Zachman.
Assim sendo, os praticantes de arquitetura criaram uma demanda para uma metodologia aberta de arquitetura que lhes ajudasse a iniciar e manter esta iniciativa. Com o tempo, entre os vários frameworks abertos disponíveis, o TOGAF (The Open Group Architecture Framework) se impôs como padrão de facto na área.
A característica distintiva do TOGAF (além do fato de ser aberto) é a disponibilização de uma metodologia amplamente customizável para orientar os esforços de arquitetura. O “coração” do TOGAF é o ADM (Architecture Development Method) que, como diz seu prórpio nome, estabelece uma metodologia para o desenvolvimento e manutenção de uma Arquitetura Corporativa.
O ADM é representado pelo seguinte diagrama:
Como podemos ver, trata-se de um processo iterativo. A Fase Preliminar é aquela na qual “colocamos em pé” o esforço de arquitetura, estabelecendo a equipe de arquitetura e definindo o método e metamodelo customizados a serem usados em nosso esforço de arquitetura. É aqui também que escolhemos ferramentas de repositório, definimos os processos de Governança da Arquitetura e obtemos o Patrocínio necessário para o esforço de arquitetura.
A partir daí, executamos iterativamente as demais fases do ADM:
Fase A – Visão da Arquitetura: Enquanto na fase Preliminar estabelecemos o processo de arquitetura, esta fase corresponde ao planejamento do projeto de arquitetura a ser executado nesta “rodada” do ADM. Trata-se de estabelecer uma visão de como deve ser nossa arquitetura futura para atender às metas estratégicas de negócio, que são a principal entrada para esta fase. O resultado desta fase é um Documento de Visão da Arquitetura, que documenta onde a organização quer chegar com sua arquitetura para viabilizar o cumprimento das metas estratégicas, e um Plano de Projeto para a execução desta “rodada” do ADM.
Fase B – Arquitetura de Negócio: Nesta fase, documentamos os estados atual e futuro (alvo desejado) dos Processos de Negócio da Organização. Equivale à elaboração da segunda linha do Zachman Framework, assim como a Fase A nos permitiu construir a primeira linha deste mesmo framework. O resultado da fase é o detalhamento das necessidades em termos de processos de negócio para atender às metas estratégicas, bem como um gap analysis que nos diz qual é a distância entre nossa situação atual (AS-IS) e a arquitetura em que queremos chegar (TO-BE).
Fase C – Arquiteturas de Sistemas de Informação: Nesta fase, identificamos os sistemas e dados necessários para atender à situação futura de processos de negócio desenhada na fase anterior, bem como nossa situação atual e a distância a ser percorrida (gap analysis).
Fase D – Arquitetura de Tecnologia: Da mesma forma, esta fase se ocupa de documentar as necessidades futuras em termos de infraestrutura tecnológica para atender às necessidades de sistemas e dados identificados na fase anterior. Mais uma vez, identificamos também nossa situação atual e a distância a ser percorrida.
Fases E e F – Oportunidades e Soluções e Planejamento da Migração: Nestas duas fases, consolidamos os gap analyses das fases B, C e D, e identificamos os projetos necessários para cobrir a distância a ser percorrida. O resultado é um portfolio de projetos para atingirmos nossa arquitetura desejada.
Fase G – Governança da Implementação: A rigor, o projeto de arquitetura desta iteração acabou na Fase F, tendo como produto o portfolio de projetos a serem executados para implementarmos a arquitetura desejada. Nesta fase, portanto, a principal atividade é a realização de revisões de conformidade, que são auditorias realizadas nos projetos do portfolio para garantir que estejam sendo executados de acordo com a arquitetura proposta.
Fase H – Gestão de Mudanças na Arquitetura: Propriamente falando, a Fase H não é uma “fase” no sentido de que não tem necessariamente um conjunto pré-determinado de tarefas nem um prazo para terminar. Trata-se de acompanhar no dia-a-dia a continuidade da relevância da arquitetura implantada na Fase G às necessidades estratégicas da organização. Mudanças no Ambiente de Negócios e na Estratégia exigirão mudanças na arquitetura, e o processo usado nesta fase deve ser capaz de separar pequenas de grandes mudanças. As grandes mudanças, tipicamente, exigirão a reentrada no ciclo do ADM, ou seja, o estabelecimento de um novo projeto, a ser iniciado novamente na Fase A.
Gestão de Requisitos: Mais uma vez, não se trata exatamente e uma “fase”. Esta atividade encontra-se – literalmente – no “centro” do ADM, significando que cada uma das demais fases do ADM ao mesmo tempo gera novos requisitos de arquitetura e utiliza como entrada os requisitos de arquitetura previamente identificados.
O TOGAF inclui orientações extensas sobre como realizar atividades de arquitetura. O ADM é o “centro” do framework, mas este ainda contém uma enorme quantidade de informação e orientações adicionais.
O TOGAF, hoje em sua versão 9, é atualmente o padrão de facto para Arquitetura Corporativa, sendo de longe o framework mais utilizado no mundo neste tipo de iniciativa. De fato, mesmo naquelas organizações onde se pratica apenas Arquitetura de TI (e não “Corporativa”, o que necessariamente inclui a Estratégia Corporativa e os Processos de Negócio), ele tem sido a opção escolhida.
Links
Outros artigos da série:
Parte II: 5 Razões para se tornar um Arquiteto Corporativo
Parte IV: Frameworks de Arquitetura: Zachman
Parte V: Frameworks de Arquitetura: TOGAF
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