Investindo em Startups sem Due Diligence?

Recentemente, perguntei a alguns investidores experientes como é que eles escolhiam as Startups em que gostariam de investir. A resposta, sinceramente, me surpreendeu. O critério básico, ao que parece, é o “cheiro”, a impressão subjetiva obtida de conversas com os fundadores das Startups.

Algum processo mais formal de Due Diligence, ou seja, de análise mais aprofundada sobre a empresa a receber o potencial investimento? Aparentemente, não! Só “instinto” mesmo.

Conversando com outras pessoas deste ecossistema, chegamos à conclusão de que, realmente, um investidor experiente provavelmente sabe fazer as perguntas certas e, assim, realizar um Due Diligence informal.

Acontece que todo investidor experiente um dia foi inexperiente. Esse tal “instinto” é o que conhecemos como Conhecimento Tácito na área de Gestão do Conhecimento.

Acredito que esse conhecimento pode ser traduzido em Conhecimento Explícito, ou seja, um método que permita avaliar rapidamente aspectos importantes tais como características comportamentais do time de liderança da Startup, maturidade, experiência e conhecimento de conceitos de gestão por parte dos fundadores.

É claro que, na situação das Startups, não cabe um Due Diligence tradicional, de profunda análise de balanço, como é feito nas aquisições de grandes empresas por grandes empresas (aliás, analisar exclusivamente os aspectos financeiros de uma empresa a ser comprada não é suficiente, como vemos com frequência nos casos de desastre em várias fusões e aquisições de que temos conhecimento pela imprensa especializada. Mas isso é assunto para uma outra conversa…)

Mas acredito que cabe, sim, um método para avaliar as chances de sucesso de uma Startup que sirva de ajuda para investidores menos experientes e, porque não, os mais experientes também.

Voltaremos a falar desse assunto…

Certificação TOGAF 9: um exemplo do que toda certificação deveria ser

Leia isso:

Our objective is to make certification available to individuals who have knowledge and understanding of TOGAF Version 9.

The Program is not intended to validate the ability of Candidates to use TOGAF effectively in practice, nor to determine whether Candidates are competent IT or Enterprise Architects.

Logo Certificação TOGAF 8

Sabe onde está escrito isso? Na documentação do Open Group sobre os objetivos da certificação TOGAF 9. Ao contrário de outros famosos programas de certificação profissional por aí, esse é honesto. Não quer certificar um “EAP” (Enterprise Architecture Professional), nem garantir que o sujeito é realmente um professional, com experiência e competência.

Detalhe: esse disclaimer é a primeiríssima coisa que aparece na documentação sobre certificação em TOGAF.

Dê sua opinião na área de comentários aí em baixo. Você não acha que toda certificação deveria ser assim?

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Vamos falar de crise?

De tudo o que já se falou sobre a atual crise, um aspecto me parece sobressair: o forte componente ético associado ao desabamento que estamos vivenciando.

Embora muita gente importante tenha se manifestado a este respeito, gostaria de recolher três opiniões de origens bastante distintas, mas que apontam na mesma direção.

Em primeiro lugar, temos o pensador brasileiro Eduardo Giannetti. Em seu excelente livro “Vícios Provados, Benefícios Públicos?” , ele já argumentava, em 1994, que a ética é essencial para o funcionamento do capitalismo.

Depois temos o papa Bento XVI, que vem repetidamente lembrando o quanto esta crise atual é, principalmente, uma crise de valores.

Por último, refiro-me a uma reportagem de capa recente da revista Exame, que se pergunta “O que deu errado com o Bônus?”.

Em comum, aponta-se para a ganância excessiva como uma das principais fontes do problema.

Alguns ideólogos jurássicos e oportunistas estão a regozijar-se com a crise como sendo “o fim do neoliberalismo” e até mesmo “o fim do capitalismo” (!)

É evidente que não se trata disso. O Socialismo que tais críticos defendem provou desastrosamente seus resultados. E mesmo o welfare state de tipo europeu há tempos encontra-se em um beco sem saída. Foi justamente o “neoliberalismo” que permitiu um dos mais longos e prósperos ciclos de crescimento econômico na história contemporânea, retirando milhões de pessoas da miséria em diversos países em desenvolvimento.

Portanto, temos o paradoxo de que a liberdade econômica e estímulo ao empreendedorismo de tipo norte-americano foram ao mesmo tempo os causadores tanto do longo período de pujança econômica quanto do atual desabamento dos mercados. Ou seja, a “ganância” levou ao longo período de forte crescimento, mas foi também a causa do desastre.

Quando – e onde – encontraremos o meio termo?

O discurso de governos e economistas tem ido na direção de “maior regulamentação”. Ora, regulamentação não tem faltado. A lei Sarbanes-Oxley (SOX) é draconiana em seus controles. Nunca houve –teoricamente, ao menos- tanto controle, tanta transparência, tanta boa governança, tanto acesso à informação das empresas quanto temos hoje. E nada disso adiantou… Será que ainda mais regulamentação resolverá o problema? Ou será que o buraco é mais embaixo?

Voltaremos ao assunto.

Comentários?

Você sabe o que são as licenças Creative Commons?

No post anterior, é possível que você tenha reparado neste ícone:

by-nc-sa-20

Dependendo da curiosidade, você pode também ter percebido que o ícone está associado a este link:

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/

De que se trata?

Trata-se de algo muito interessante.

Suponha que você tenha criado alguma coisa: um livro, um artigo, uma pintura, fotografia, música, vídeo, qualquer coisa. Suponha também que você quer dar a maior visibilidade possível à sua obra e não pretende explorá-la comercialmente. Ao criar a obra, você adquiriu automaticamente o copyright sobre ela. Qualquer pessoa que quiser usar sua obra tem que obter sua autorização expressa.

Ora, muita gente acha, nesses tempos de open source, que o copyright é restritivo demais. Vou dar um exemplo concreto e pessoal. Tenho vários de meus artigos publicados aqui no site. Ao final de cada artigo, eu sempre inclui uma frase tal como “Todos os direitos reservados. Este artigo pode ser reproduzido desde que citada a fonte (…)” etc. Muita gente faz isso há um bom tempo. Meus artigos estão reproduzidos em alguns sites sem que eu tenha sido consultado. Ótimo! Não quero ter que aprovar por escrito toda vez que alguém citar um artigo meu.

O Creative Commons nasceu para dar validade jurídica a este tipo de compartilhamento. Em vez de “Todos os direitos reservados”, temos “Alguns direitos reservados”, de acordo com a legislação de Direitos Autorais dos países para os quais a licença já foi adaptada. Isso facilicclogolargeta muito a divulgação do trabalho de qualquer um de nós que não seja mundialmente famoso.

Mais um exemplo concreto, agora sobre alguém que não usa licenças Creative Commons.

Eu quis adicionar ao post anterior uma imagem de Escher. Fui ao site e descobri que não há modo legal de eu ilustrar um post usando uma imagem dele, pois tenho que contar toda a história de minha vida para talvez conseguir obter uma licença por escrito:

Copyright

International Copyright laws protect all of the work of M.C. Escher. Any reproduction of his work, including downloading, is prohibited without the express written permission of the copyright holder. Requests for reproduction should be directed to Cordon Art’s copyright department.

If you want to use any of the work of M.C. Escher as illustration in a book, magazine, an advertisement campaign, brochure, or on the Internet,

you may fill in this form

or send your request to our copyright department at copyright@mcescher.com with as much background information as possible. (…)

Resultado? Muito menos gente conhecendo o fantástico trabalho de Escher. Ou, ao contrário, a republicação sem licença em milhares do locais na internet (veja no Google images).

Para que proibir, se não é possível controlar? Quem é que vai atrás de cada blog ou site que já publicou umas dessas fotos?

Seria muito mais inteligente se os detentores dos direitos sobre a obra de Escher liberassem, para fins específicos, um conjunto de fotos de trabalhos de Escher, usando para isso uma licença Creative Commons.

Saiba mais sobre o assunto no site do Creative Commons e na página em português.