Baixe o Roteiro de Metas 2017

Réveillon é tempo de definir metas e propósitos para o ano que começa. Confesso que, durante muitos anos, não participei dessa atividade coletiva tão tradicional. Meu raciocínio era que, se não era para cumprir as metas, para quê estabelecê-las?

Se você é “realista” como eu, sabe que, na maioria das vezes, a gente se mostra incapaz de cumprir as metas de ano novo. A gente começa animado, mas depois de algumas semanas, a animação some, a motivação desaparece e… adeus metas! Até a próxima virada de ano, quando então as mesmas metas serão estabelecidas ainda mais uma vez (“ESTE ano eu começo a fazer atividade física”).

O que talvez você não saiba é o porquê dessa situação tão comum. Existem várias razões, para dizer a verdade. Muitas delas estão ligadas aos métodos usados (metas muito vagas, planejamento ruim ou inexistente, falta de acompanhamento etc.) e você não terá dificuldade de encontrar na Internet inúmeros métodos para realizar suas metas em 2017. Outra das causas mais comuns de não cumprirmos nossas metas é o excesso delas. Quem define 20 metas para o ano seguinte fica sem foco e não cumpre nenhuma. Três metas é o máximo que uma pessoa típica consegue dar conta.

Mas eu ousaria dizer que as razões mais profundas não tem base racional (como as questões metodológicas que citei), e sim emocionais.

Propósitos sem Propósito

Definimos metas que simplesmente são impotentes para nos manter motivados durante o ano todo ou até que sejam cumpridas.

E uma das razões dessa impotência é as metas que definimos estão desconectadas de nosso Propósito de Vida, nossa Missão, nossa Vocação (a rigor, essas três coisas não são sinônimos exatos, mas nesse artigo vou fingir que são a mesma coisa).

Chega a ser engraçado que muita gente chama as resoluções de Ano Novo de “propósitos” para o ano seguinte, como sinônimo de “metas”. Nesse caso, podemos falar de “Propósitos sem Propósito”. Metas desconectadas de sua Missão de Vida não serão capazes de sustentar a motivação necessária para atingi-las.

Ou seja, estabelecemos metas desconexas, e sem ligá-las às razões mais profundas de nossa existência. Desse modo, esses objetivos ficam vazios de sentido e, consequentemente, não conseguem nos motivar por muito tempo.

Um exemplo pessoal

Vou contar uma historinha pessoal. Durante muitos anos, mesmo sem fazer propósitos para o ano seguinte como eu disse no início, eu sempre dizia para mim mesmo que “um dia” eu deveria tomar vergonha na cara e começar a fazer atividade física regular e me alimentar direito. Por quê? Ora, porque é importante para a minha saúde, porque todo mundo faz e aconselha, por isso, por aquilo. Nenhum desses argumentos jamais foi capaz de me levar à ação.

Até o dia em que caiu minha ficha de que a falta de atividade física e alimentação saudável estavam na raiz de minha falta de energia para executar as atividades que eu realmente queria fazer, aquelas mais obviamente ligadas ao meu Propósito. Quando percebi que, sem atividade física e sem me alimentar direito, eu não seria capaz de cumprir as outras metas que eu me propunha, encontrei de repente um motivador poderoso para começar a me exercitar e me alimentar decentemente.

Não vou dizer que me tornei um rato de academia ou mestre fitness de lá para cá, mas digamos que fiz progressos expressivos nesse sentido.

Por quê?

Porque esses objetivos passaram a ter, na minha mente, a importância que não tinham antes, a saber, de aparecerem para mim como condições necessárias para eu cumprir todas as outras metas mais “interessantes” para mim.

Metas que Motivam

Quase que por definição, metas dizem respeito a coisas que não nos dão aqueeeele prazer… Se fosse assim, não precisaríamos delas. Pouca gente coloca como meta “Dormir sem despertador na hora que tiver sono e acordar quando quiser”. Metas quase sempre envolvem fazer coisas de que não gostamos tanto assim.

Portanto, para cumprirmos metas, precisamos de motivação. E motivação é emocional, não racional. Observe a raiz etimológica. Tanto “motivar” quanto “emoção” vêm do Latim “Motus” – Movimento. Uma justificativa puramente racional para nossas metas não nos “move”.

Existem muitas técnicas de automotivação que podemos utilizar para nos ajudar a cumprir nossas metas, mas nenhuma delas dará muito resultado se essas metas não tiverem nada a ver com nosso Propósito de Vida. Se você não sabe seu Propósito de Vida, ou seja, o que você está fazendo aqui nesse mundo, aconselho fortemente que você estabeleça como meta para 2017 descobrir qual é o seu Propósito, a sua Missão, a sua Vocação. Isso é tão importante que pode até ser sua única meta para o ano que vem. De qualquer forma, qualquer meta que você estabeleça que esteja desconectada de seu Propósito terá pouco poder motivacional para você.

Qual é o meu Propósito?

E como descobrir o seu Propósito de Vida? Também aqui existem vários caminhos. Um deles é a auto-reflexão e o autoconhecimento, fazendo a si mesmo perguntas profundas sobre sua vida (falarei disso mais adiante). Outro é contratar um Coach que ajude você nesse processo, através de sua experiência e das ferramentas de um processo de Coaching. Este segundo caminho tem um custo, mas quase sempre é um investimento de grande e imediato retorno, pois nem sempre sabemos os melhores caminhos da auto-reflexão.

Caso você opte pelo caminho solitário (bom, é claro que você pode pedir ajuda aos amigos, cônjuge e familiares…), você pode fazer o seguinte: pense em uma atividade que lhe dê verdadeiro prazer e que, ao mesmo tempo, você saiba fazer bem e seja útil a você, às pessoas à sua volta e – possivelmente – à sociedade como um todo. Caso você possa ganhar a vida com essa atividade, melhor ainda. A intersecção dessas atividades é conhecida como IKIGAI (veja a figura), do qual falarei em mais detalhes em outro artigo. Para encontrar seu IKIGAI, liste atividades em cada uma das categorias e concentre-se naquelas que aparecem nas intersecções.

 

Escolha aquela atividade que cumpra o maior número das quatro condições. Se houver mais de uma, escolha a que lhe dá mais prazer e satisfação em realizar. Defina essa atividade como sua Missão Provisória, até que tenha a oportunidade de testá-la e validá-la com um Coach ou Mentor.

Mas eu já sei meu Propósito

Agora, se você já está certo sobre seu Propósito de Vida, a definição de metas para 2017 fica muito mais fácil. Você pode seguir o seguinte roteiro:

  1. Pegue uma folha de papel. Coloque por escrito seu Propósito de Vida. Colocar coisas por escrito nos ajuda a fixar na mente as coisas importantes. Há quem defenda que escrever à mão é ainda mais eficaz que digitar em um documento eletrônico, mas sinta-se à vontade para registrar seu Propósito da forma que achar melhor.
  2. Identifique 3 (e apenas 3) metas para 2017, uma para 90 dias, uma para 180 dias e outra para 31 de Dezembro, todas alinhadas com seu Propósito de Vida. Para cada meta, identifique claramente a conexão com o Propósito, ou seja, como a meta ajuda no seu Propósito.
  3. Verifique (e ajuste se necessário) se suas metas são SMART, ou seja eSpecíficas, Mensuráveis, Atingíveis, Relevantes e com Tempo definido para realização (seu prazo). A técnica SMART é muito boa para nos ajudar a definir metas que funcionem. Falaremos mais dessa técnica em outro artigo.
  4. Em um local tranquilo e silencioso, feche os olhos e visualize, usando sua imaginação, suas metas já atingidas (uma de cada vez). Coloque riqueza de detalhes e envolva os 5 sentidos, se possível. Procure sentir as emoções positivas geradas pelo atingimento da meta. Registre esse “quadro” em sua memória, juntamente com as sensações e emoções, e volte a ele sempre que desanimar de perseguir suas metas ao longo do ano. Esse exercício é chamado de “Visualização” e é extremamente poderoso. A razão é que o nosso cérebro tem dificuldade em distinguir a imaginação da realidade, de modo que a elaboração mental, via imaginação, de “quadros” (“Memória do Futuro“) gera em nós as mesmas reações emocionais que a situação real. O resultado é que obtemos assim o “combustível emocional” para nossa motivação, impossível de obter apenas com auto-argumentação racional (se argumentos racionais convencessem alguém, ninguém fumaria, beberia ou comeria demais).
  5. Planeje os passos para atingir suas metas. Existe uma infinidade de métodos de planejamento pessoal que você pode usar para fazer isso, e entrar em detalhes foge do escopo desse artigo. Mas siga um método simples. A ideia é seguir passo a passo na direção das metas, e não perder-se em um emaranhado metodológico.

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Feliz Ano Novo com Metas Cumpridas!

Acredito que as ideias expostas nesse artigo, mesmo simples e sem muito aprofundamento, possam ajudar você, caso você faça parte do enorme grupo de pessoas que todo ano fazem metas e não as cumprem ou, pior ainda, já desistiram até mesmo de se propôr metas – como eu durante muitos anos.

O conceito é simples, mas poderoso. O pulo do gato é esse, simplesmente. Sem saber para que serve a sua vida, fica difícil estabelecer metas, e mais difícil ainda manter a motivação para cumpri-las.

Portanto, desejo a você um Feliz Ano Novo no qual, finalmente, suas metas se realizem!

P.S.1.  Não deixe de me contar, nos comentários, como você espera que suas metas, agora alinhadas a seu propósito, sejam mais “potentes” em 2017.

P.S.2. Este é o primeiro artigo da Série Arquitete Sua História, uma série que apresentará estratégias para aplicar em sua vida pessoal adaptadas a partir das técnicas da Arquitetura Corporativa para processos de Coaching.

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