(Observação: Este artigo acompanha e detalha um Infográfico cujo botão de download se encontra no final do artigo. Se quiser baixar o Infográfico agora e deixar para ler o artigo mais tarde, clique aqui.)

Todo início de ano, a gente lê, na imprensa especializada, uma série de artigos nos dizendo quais serão as “competências quentes” para o ano que começa. Com pouquíssimas exceções, essas listas incluem apenas assuntos supertécnicos, tipicamente reproduzindo a lista de “hypes” de tecnologia da ocasião.

Acontece que quem tem mais de dez minutos de experiência em TI sabe muito bem essas modas vêm e vão, e que o que está quente pode muito bem esfriar em seis meses. Vale a pena investir nessa tecnologia nova mesmo?

O que (quase) ninguém diz é quais são as competências “permanentes”, duradouras que a gente precisa ter. Ou melhor, dizem sim (em outras épocas do ano), mas essa é uma lista fixa de desejos considerados meio utópicos que é mais ou menos a mesma há pelo menos umas duas décadas.

Nos dizem que o profissional de TI tem que entender mais do negócio, ter Inteligência Emocional, capacidade de iniciativa e inovação etc. etc. etc. Ok. Só que essas competências são listadas mais ou menos como quem diz “desejamos a paz mundial, o fim da fome na África e mais solidariedade entre os povos”. Ou seja, como algo desejável, mas meio impossível e, portanto, algo para a gente não perder muito tempo se preocupando.

Acontece que, embora essas competências tenham sido sempre importantes, estão se tornando agora realmente necessárias para o desenvolvimento de nossas carreiras.

Soft Skills

Muitas dessas habilidades e atitudes são chamadas com frequência de “soft skills“. Eu não gosto dessa expressão, apesar de entender de onde ela vem. “Soft” dá a impressão de ser algo mais fácil de adquirir do que algo “hard“. Acontece que aprender uma tecnologia específica (um “hard skill“) é infinitamente mais fácil do que adquirir um “soft skill” como Liderança ou Capacidade de Negociação.

De qualquer modo, é o termo que o mercado usa, e não adianta lutar contra os elementos, de modo que usarei aqui essa expressão também.

As “fronteiras” entre as três categorias do CHA não são sempre muito claras. Há uma grande zona cinzenta. Habilidades como Visão Sistêmica evidentemente exigem algum conhecimento teórico de Teoria de Sistemas, e Atitudes como Adaptabilidade supõem um Repertório de Conhecimentos e Habilidades amplo o suficiente para que você possa sair de um caminho e tomar outro. Se você adotar, por exemplo, uma Atitude de Conciliação (evitar confronto) mas não tiver a Habilidade de Negociação, será “tratorado” a toda hora.

Qual a diferença entre Habilidades e Atitudes? Por que eu classifico Negociação como Habilidade e Conciliação como Atitude? Não são a mesma coisa?

Habilidade é “saber fazer”, “know-how“, “savoir-faire“. Atitudes têm a ver com valores e crenças pessoais, hábitos e comportamento.

Você pode ser um excelente negociador, mas ser ao mesmo tempo uma pessoa que gosta de confronto. Um exemplo atual disso é o Presidente Donald Trump. Ele é conhecido por ser um excelente negociador (tem um bestseller sobre isso) mas dificilmente pode ser considerado um conciliador. Negociar é habilidade, algo que você sabe ou não fazer, entrar em confrontos é algo que você tem que querer fazer.

Outra diferença importante entre as três categorias de competências é que adquirir conhecimentos é fácil: basta estudar. Podemos fazer cursos ou estudar por conta própria. Habilidades e Atitudes, porém, são adquiridas de formas diferentes.

Para adquirir Habilidades, que são coisas práticas, não há mais remédio que praticar. Claro, você pode aprender técnicas e truques sobre Negociação ou Inteligência Emocional em um curso, mas vai sair das aulas só com o pontapé inicial, ao contrário de um treinamento sobre conhecimentos teóricos. Vai ter que praticar. O segredo aqui é, logo após o treinamento, procurar oportunidade de aplicar na vida real o que foi aprendido na teoria.

No caso da Atitudes, é mais difícil ainda. Mais uma vez, um curso pode lhe dar o caminho das pedras, mas não vai acompanhar você no caminho. Aqui, o caminho é feito de autoconhecimento e autodisciplina. Estamos falando de comportamentos, afinal. Contratar um Coach pode ajudar – e muito! – mas, no fim das contas, quem tem que andar é você.

Agora vai?

É meio cliché ficar falando da aceleração das mudanças trazidas pelas novas tecnologias, mas não há como fugir do fato de que estamos chegando no ponto em que as empresas e profissionais vão ter que levar a sério, sim,  competências até hoje deixadas no banco de trás.

Coisas como adaptabilidade, liderança, solução de conflitos e conhecimento do negócio estão deixando de ser “addons” bacanas para se tornarem o núcleo do que se espera de um profissional. Pode ser que sua empresa não esteja preocupada com isso, mas garanto que seu concorrente está!

O que são Competências?

‘Competência” é um daqueles termos para o qual cada profissional ou acadêmico de RH tem sua própria definição. Mesmo assim, gostaria de arriscar usar uma abordagem que muita gente usa, que é dizer que as Competências Profissionais são o conjunto de Conhecimentos, Habilidade e Atitudes que permite que o profissional faça seu trabalho com excelência.

A tríade “Conhecimentos, Habilidades e Atitudes” é normalmente abreviada como CHA. A gente fala do CHA necessário para uma determinada posição na empresa, como CEO ou Gerente de Marketing ou Gerente de Projetos ou Desenvolvedor.

O importante é que essa definição reconhece que não basta alguém “saber alguma coisa” (conhecimento). Também é necessário que ele “saiba fazer bem” (habilidades) e “tenha vontade de fazer direito” (atitudes).

Infelizmente, aquelas listas de que falamos no primeiro parágrafo quase sempre ficam só nos conhecimentos, incluindo poucas habilidade e tipicamente nenhuma atitude. Aliás, é costume se falar de “atitude” como se fosse uma coisa só. Não tem plural.

Você é contratado pelos seus conhecimentos e demitido por seu comportamento

No momento da entrevista de emprego, é muito difícil para a empresa saber como é que você realmente trabalha, pois seu currículo só tem seus conhecimentos e experiência (que fala de algumas habilidades). Mas seu comportamento é regido por suas atitudes, e são essas que contam na hora de promoções ou demissões. Ou seja, as “atitudes”, que são meio deixadas de lado nas discussões e artigos, são na verdade o que vai definir o andamento de sua carreira. Claro que conhecimentos e, mais ainda, habilidades, também contam, mas desses a gente ouve falar bastante.

Mas o maior problema daqueles artigos é que eles só apontam para conhecimento com prazo de validade curto. Tal ou qual tecnologia que você tem que aprender amanhã!!! estará obsoleta em 12 meses. E aí você terá que aprender outras coisas completamente diferentes.

Mesmo dentro da categoria “conhecimentos” existem coisas mais “duráveis” que outras. Será que essas não seriam mais interessantes de se correr atrás?

Nas próximas semanas, vou discutir em uma série artigos quais são, na minha opinião, as competências “permanentes” que o Profissional de TI tem que ter.

Para acompanhar essa série de artigos, desenvolvi um Infográfico que resume 21 dessas competências (7 de cada tipo), que você pode baixar clicando no botão abaixo. É claro que o gráfico, por suas limitações, não pode entrar em detalhes de cada uma, é apenas um “quadro sinóptico”, um meio de ter tudo resumido num lugar só. A ideia é que ele seja acompanhado dessa série de artigos para um melhor entendimento.

 

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Seu Plano de Carreira

Se você não tem um Plano de Carreira, deveria ter. Nesse Plano uma das coisas mais importantes é a lista de competências que você deseja adquirir.

Acredito que o Infográfico, acompanhado dessa série de artigos, possa ajudar você a selecionar competências “duráveis”. Claro, sempre haverá coisas de curto prazo que precisam ser aprendidas em nossa área, mesmo que possam ser esquecidas em um ano. Mas não deixe de incluir competências sem prazo de validade também.

Minha sugestão é que você escolha três competências, uma de cada categoria do CHA, para focar e se dedicar em cada período, que pode ser de seis meses a um ano. Não dá pra fazer tudo ao mesmo tempo, de modo que, se a gente focar em umas poucas coisas, o resultado será melhor.

E você? Quanto você tem se dedicado a adquirir competências permanentes como essas? Quais são as competências que você quer adquirir esse ano? Compartilhe com a gente nos comentários abaixo!

 

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