Alguns cínicos costumam dizer que, quando um assunto chega às grandes publicações, é porque já está no passado.
Embora isto seja evidentemente exagerado, é auspicioso ver que o tema da Arquitetura Corporativa (ou Empresarial, como querem alguns) começa a aparecer na “grande mídia”, pelo menos na especializada, neste caso representada pela revista Info Corporate.
Em seus boletins periódicos, a revista sempre destaca um artigo (normalmente traduzido) do Gartner, cujas opiniões, sabemos bem, são muito respeitadas por estas plagas. É uma boa notícia que o nosso assunto tenha sido objeto de tal honraria duas vezes em menos de dois meses!
O primeiro – A arquitetura corporativa traz valor ao negócio? – saiu no início de Junho. Infelizmente, foi muito mal traduzido (automaticamente?), de modo que quem preferir pode ler o original aqui.
O segundo – A Arquitetura Corporativa em tempos de desafios econômicos – saiu hoje e, felizmente, está traduzido decentemente.
Os dois tem em comum uma questão muito atual: vale a pena investir em Arquitetura Corporativa em tempos de crise econômica? Não seria a Arquitetura mais um desses “luxos” que entram na primeira lista de cortes de custos?
Infelizmente, para muita empresas parece que a resposta é afirmativa. Conheço um par de empresas que abortaram iniciativas de AC e chegaram a demitir os arquitetos! No caso específico de uma delas, a “parada” se deu em uma situação em que, além da crise, a empresa precisava dar conta de uma mega-fusão. Ou seja, a empresa considerou supérflua uma ferramenta especialmente indicada para as situações que estava vivendo…
O primeiro artigo refere-se diretamente a esta situação: indica 5 perguntas que o CIO deveria fazer a si mesmo (supondo que ele é o responsável pela AC na empresa) para garantir a relevância da iniciativa para o negócio (e, presumivelmente, evitar seu corte). As perguntas são:
- O valor proposto na iniciativa de arquitetura corporativa é articulado nos termos do negócio?
- A proposta de valor tem sido reelaborada assim que as prioridades de negócio mudam?
- Os arquitetos enfatizam o valor do processo em detrimento do valor dos resultados?
- As métricas de desempenho que estão sendo usadas são focadas no negócio?
- A governança assegura que a visão da arquitetura está sendo realizada?
O resumo é simples: ou os CIOs e Arquitetos aprendem a explicar para os executivos de negócio para que realmente essa coisa serve, ou correm o risco de ver a iniciativa adiada para “quando estiver tudo bem, e estivermos com tempo e dinheiro sobrando“, ou seja…
O segundo artigo é dirigido diretamente aos executivos de negócio, e discute 5 pontos de interesse crítico hoje que podem ser viabilizados pela Arquitetura Corporativa (O Gartner gosta desse número…). São eles:
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Reestruturando as Operações — A Arquitetura Corporativa otimiza as operações (ou “Como saber onde cortar?”)
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Alavancando informações de forma estratégica — A Arquitetura Corporativa garante a entrega acionável de informações relevantes (ou “Fazendo a informação certa chegar à pessoa certa na hora certa”)
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Perda de confiança corporativa e governamental — A Arquitetura Corporativa tem a perspectiva certa (ou “Mostrando transparência em tempos de pânico dos investidores e regulação pelo Estado”)
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Globalização complexa e instável — A empresa precisa das percepções da Arquitetura Corporativa (ou “Gerenciando riscos e complexidade em escala mundial”)
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Construindo a força chave da TI — A Arquitetura Corporativa possui o foco corporativo certo (ou “Fazendo a TI entender o que o Negócio quer dela”)
As frases em itálico entre parênteses acima são minhas, e procuram sintetizar o espírito de cada item.
Em comum, os dois artigos tem o seguinte: a insistência (para todos os públicos) de que o momento para investir em Arquitetura Corporativa é agora, bem no meio da crise, e não “quando estiver tudo bem“, em um futuro indefinido e, certamente, muito distante…
Se você é executivo de negócio, pense nisso. Se é um Arquiteto com dificuldades em mostrar o valor da Arquitetura, esses artigos podem ajudar.