Participei, recentemente, de uma discussão em um fórum de BPM na Internet em que a discussão girava em torno de vários papéis profissionais propostos e esperados nas empresas hoje em dia, mas sobre os quais existe pouco consenso.

Tomemos, por exemplo, os papéis de Analista de Negócios e Analista de Processos. Há quem diga que os dois nomes servem para a mesma função, há quem diga o contrário.

O Analista de Processos, por exemplo, parece ser um herdeiro do tradicional Analista de O&M (que ainda existe em empresas mais tradicionais). Ele seria um especialista em modelagem de processos, notações de modelagem (como a BPMN), técnicas de melhoria de processos etc.

O Analista de Negócios, por outro lado, seria alguém próximo às áreas de negócio da organização, ou seja, alguém que “faz a ponte” entre as necessidades que as áreas de negócio têm em relação à TI e, por outro lado, esta última. Assim, ele é alguém que conhece bem o negócio da empresa e tem um verniz de TI suficiente para saber o que dá para fazer e o que é inviável, mesmo sem ser um especialista em tecnologia.

Na discussão a que me referi no início deste artigo, a disputa se dava em relação à ordem em que diversos “especialistas” (como os referidos analistas de negócios e de processos, mais os velhos e bons analistas de sistemas) deveriam “aparecer” no processo de melhoria e automação de processos de negócio na organização. Um dos participantes, muito apropriadamente, levantou a questão de se não seria bom haver um único “ponto focal”, um único contato para todos os envolvidos no processo, usuários de negócio, desenvolvedores etc. Ele mesmo levantava a hipótese de se um tal “Arquiteto de Soluções” não seria esta pessoa.

De  fato, a ideia de que precisamos de um “Arquiteto” está cada vez mais aceita, embora ainda não esteja claro de que tipo de Arquiteto estejamos falando, nem de que tipo de Arquitetura ele se ocupe.

O fato é que a Arquitetura Corporativa (ou Arquitetura Empresarial, numa outra tradução frequente) é um assunto que se torna cada vez mais presente, fazendo com que a figura do Arquiteto também ganhe foco.

Este artigo inaugura uma sequência de 10 “fascículos” que procurarão detalhar essa figura tão nova, o Arquiteto Corporativo. Tem, também, a pretensão de defender a ideia de que esta é uma das mais “quentes” profissões nas áreas de TI e Negócios para os próximos anos.

Procuraremos publicar, a cada poucos dias, um “capítulo” dessa história, sendo o seguinte o nosso plano:

  1. Introdução à Serie (este artigo)
  2. 5 razões para se tornar um Arquiteto
  3. Por onde começar?
  4. Frameworks de Arquitetura – Zachman
  5. Frameworks de Arquitetura – TOGAF
  6. Os diferentes tipos de arquitetos
  7. O Arquiteto e os outros profissionais
  8. O skillset do Arquiteto
  9. Certificações
  10. Conclusão / resumo / próximos passos

Clique aqui para ler o próximo artigo da série

Esperamos que, ao final, tenhamos um artigo mais longo que poderá ser lido por inteiro de uma só vez, quem sabe um pequeno e-book!

Boa Leitura!

Links

Outros artigos da série:

Parte I: Introdução

Parte II: 5 Razões para se tornar um Arquiteto Corporativo

Parte III: Por onde começar?

Parte IV: Frameworks de Arquitetura: Zachman

Parte V: Frameworks de Arquitetura: TOGAF

Outros artigos de Arquitetura Corporativa

Arquitetura Corporativa e Gestão de Portfolio de Projetos

Os 3 mal-estares do Planejamento Estratégico

5 razões para se tornar um Arquiteto

20 thoughts on “Arquiteto Corporativo: Profissional do Futuro – Introdução

  1. Tema de valor. Vejo com certa impaciência a torrente de nomes, títulos, certificações sem fim e, muito puco conteúdo. Muita gente inventando a roda..?

  2. Muito oportuna essa iniciativa na forma em que cada vez mais as organizações estão imersas em um emaranhado de informações, na grande parte desconexas, e que é muito importante que toda a estrutura organizacional (Diretores, Gerentes, Supervisores, Colaboradores e demais stakeholders) saiba como lidar como o alinhamento fundamental entre TI, negócio e a informação.

  3. Muito oportuna essa iniciativa na forma em que cada vez mais as organizações estão imersas em um emaranhado de informações, na grande parte desconexas, e que é muito importante que toda a estrutura organizacional (Diretores, Gerentes, Supervisores, Colaboradores e demais stakeholders) saiba como lidar como o alinhamento fundamental entre TI, negócio e a informação.

  4. Sem dúvida é um tema interessante e oportuno cuja discussão ajudará muito no entendimento das diversas “especialidades” de arquiteto hoje disponíveis na literartura como Arquiteto da Solução, Arquiteto de Sistemas, Arquiteto de Software e outros.

    P.S. Não apareceu a caixa “Assine nosso boletim” ao lado para eu poder marcar a caixa de assinatura da série! Mas gostaria de receber os outros artigos da série.

    1. Ismael, aguarde que em um dos artigos faremos essa “taxonomia” dos diferentes arquitetos!

      Coloquei seu email na lista e verei se há algum problema.

      —–Mensagem original—–
      De: Disqus [mailto:]
      Enviada em: sábado, 20 de fevereiro de 2010 08:34
      Para: atila@gnosisbr.com.br
      Assunto: [atilabelloquim] Re: Arquiteto Corporativo: Profissional do Futuro – Introdução

      ======

  5. Amigos da Gnosis, boa tarde!

    Em primeiro lugar, parabéns pelo trabalho.
    Agora, uma ajuda por favor.
    Gostaria muito de receber a série toda do “Arquiteto Corporativo – Profissional do Futuro”
    Segui o procedimento indicado mas não apareceu a caixa de assinatura da série.
    Com isso fiquei em dúvida se o meu cadastramento foi bem sucedido.
    Meu e-mail é:
    aripiovezani@yahoo.com.br

  6. Gostaria de saber mais sobre esta nova função, nomenclatura, Arquiteto Corporativo, e se realmente é promissor. Quero saber mais sobre valores do curso, forma de pagamento, e se abrem um exceção para o cartão Visa?

  7. Atila, o artigo é interessante, sem dúvida, mas creio que precisamos nos lembrar de alguns fatos. Farei apenas um resumo suscinto, mas creio que a idéia é clara. No início, tinhamos apenas o programador, que era um “faz tudo”. Extraia conhecimento, modelava, programava e entregava a solução. Decorrente da dificuldade de conversar na “linguagem do usuário” e de apresentar a ele algo diferente de linhas de código, surgiram o Analistas de Sistemas e as diferentes metodoligias e ferramentas de análise. Depois veio o Analista de Negócios, que muitas vezes é um analista de sistemas que migrou para o negócio ou um gestor que migrou pra TIC. Na prática é alguém capaz de fazer a ligação entre usuário e TIC, muitas vezes para um dado sistema ou serviço em produção, que precisa entender das regras e necessidades de negócio e pode traduzí-las para TIC. O Analista de Processos é, de fato, o tal do Analista de O&M. Muito bom, mas existe um vácuo… O negócio quer uma solução de TIC, muitas vezes um sistema, e pressiona o desenvolvedor a desenvolver, usualmente, em prazo não suficiente. O desenvolvedor o faz e entrega um produto de desempenho duvidoso… Para preencher o vácuo, vem o Arquiteto de Soluções, o Analista de Infra-Estrutura e outros mais (aliás, tal conhecimento constitui um rombo nos cursos de formação de nível superior, que ensinam quase sempre apenas a codificar). Rumamos assim para a especialização e, é claro falta o elo de ligação. Observe que, aquilo que o prgramador originalmente fazia sozinho, hoje está fatiado entre vários profissionais. Creio que é uma tendência natural, assim como o foi para a medicina.
    Seguindo a analogia para com a medicina, um médico com um vasto cabedal de conhecimento (prático, não teórico) não é um profissional barato, assim como um Analista (seja lá qual for o complemento) ou Arquiteto (seja lá qual for o complemento) com um vasto cabedal de conhecimento também não é.
    Um problema que vejo, é que profissionais de pouca experiência, ou muitas vezes teóricos, assumem o papel de elo. O resultado é a “cultura da aparência” (travestida de cultura da excelência), onde muito se fala mas pouco se produz além da aparência. Não estou aqui procurando desmerecer nenhum profissional, mas vejo que temos uma profusão de siglas, cargos e certificações que, creio muitas vezes levam à formação do teórico e, como diz um velho ditado, “a teoria na prática é outra”.
    Trabalho na área de TIC há 21 anos, e vejo que os nomes mudam, são reciclados ou reinventados, mas vejo os velhos problemas ainda vivos.
    Será o Arquiteto Corporativo capaz de mudar este quadro e impor ordem efetiva?
    Abraços,

    Cassio

  8. Cheguei até aqui procurando Gnosis e encontrei minha profissão! Concordo com tudo o que disse Cássio e sei disso porque, na verdade, sem nenhuma certificação específica, somente 28 anos de experiência em informática (que se tornaram TIC) e muito interesse por processos organizacionais e pelo acompanhamento direto do impacto da chegada das TIC nas organizações tornei-me um “Consultor de TI Corporativo” e agora vejo que o que faço é nada menos do que é descrito aqui. Um Arquiteto tem que ter muita cultura geral, extrapolando os aspectos puramente técnicos, pois muitas vezes as soluções exigem abordagens políticas, culturais e psicológicas. Profissionais que tenham domínio, ou pelo menos razoável trânsito por disciplinas técnicas e humanas são raros, e sua formação não é tão simples como parece, pois requer antes de tudo a correta percepção das aptidões inatas e o esforço para complementar a formação naquilo que não lhe é tão natural assim. Gostaria de receber também todas as informações possíveis sobre o assunto e outras sobre a empresa, inclusive sobre a escolha do nome, pois sempre estive envolvido com o aspecto espiritual do tema. Obrigado. Vivaldi Cunha. Belo Horizonte. MG.

  9. Arquitetura corporativa tem o seu início em 1987, mas apesar de tanto tempo de existência da abordagem, há muita confusão de conceitos e necessidades, porque essa visão não é única e envolve um conhecimento forte na integração entre as unidades de negócios, TI e principalmente pessoas.

    Os projetos normalmente fracassam porque as pessoas não possuem o perfil e conhecimento necessário e a abordagem sempre inicia-se pela alta direção, que normalmente entende pouco sobre os meandros técnicos de análise de solução e especificação, componentes principais para assegurar a governança de TI através de um EAF.

    Trabalho com arquitetura de solução desde 2003 e também sou pesquisador há 6 anos, passeio entre as publicações e projetos práticos, o que tenho visto nas duas vertentes é realmente que pouca coisa evoluiu. Falta muito conhecimento, tanta da teoria como da aplicação prática de um EAF. Não há receita de bolo, é preciso haver um comitê e muita colaboração das pessoas. Se não houver comprometimento e bastante conhecimento das camadas de: estratégia de negócios, processos de negócio, sistemas de informação e software, além do hardware, não será possível realizar um projeto dessa magnitude e complexidade.

    Faltam pessoas com preparação na alta direção, porque apenas estabelecer que irão utilizar o COBIT para “compliance” a lei SOx não é suficiente. Arquitetura Corporativa é que assegura de fato os processos do COBIT não existe outra forma e também precisa ser vista por alguém que tenha “passagem” pelas áreas de negócios, não adianta ser apenas técnico, é preciso estar atento aos projetos da empresa, porque EA é que irá garantir o retorno dos investimentos de TI. Já que nenhuma empresa hoje poderia “sobreviver” sem sistemas de software, acredito que sem uma EA alinhada aos seus portifólios de projetos ela também não sobreviveria.

    Desejo uma ótima semana para todos!!

    Jaguaraci Silva
    http://jaguaracisilva.blogspot.com/

  10. Interessante tema, Atila, Sou recém formado em ciência da computação e pretendo realizar uma especialização em Arquitetura de Software. Gostaria de receber os artigos da série para esclarecer algumas duvidas que tenho sobre essas especializações.

    P.S. a caixa “Assine nosso boletim” não apareceu.

  11. Bom dia,

    Qual seria o percurso profissional natural de um Arquiteto Corporativo?
    Sempre falamos de ciências exatas, negócios, etc. Acredito que também deve ser desenvolvido uma grande capacidade de ciências humanas, digo, a melhor forma de se comunicar com os interessados. Pelo percurso que tracei até hoje o que percebo é sempre a dificuldade de se fazer entender. Os especialista falam a íngua de especialistas, muitos não conseguem manter uma oratória que estabeleça a conexão entre as pessoas e por isso os projetos não têm sucesso. Percebo a distancia entre humanos no ambiente corporativo.
    Qual seria a visão de vocês sobre esta abordagem ?

    1. Eric, compartilho totalmente essa sua visão. Ontem mesmo postei no meu Linkedin um comentário nessa linha. Os chamados “soft skills” que incluem comunicação, negociação, formação de consenso etc. são fundamentais para o sucesso do Arquitete Corporativo (e várias outras profissões de origem mais técnica). Sempre enfatizo isso para meus alunos nos cursos também.

      Infelizmente, o investimento que empresas e profissionais fazem nesses skills é praticamente nenhum. Mas quem sair na frente terá uma grande vantagem competitiva.

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